País imaginado fora do tempo
Já não existes, se exististe.
Pasto de vento que move moínhos
Também tu giras sem sair do lugar
E silenciosamente agitas as pás,
Sem fazer farinha
Que te possa salvar.
A cavalo dado não se olha o dente
Diz Judas, de olho na crina áurea
Enquanto lhes beija os quadris.
E como Pilatos lava as mãos
No suor de quem trabalha,
Mártires sem filosofia.
Eia Rocinante, eia!
Lança-te de cascos em lança
Contra esses moínhos de vento!
Eu ordeno-te unicórnio,
O povo fará de Pança
E eu imagino-me o sonhador.
Refundemos a santa trindade
Noutros moínhos,
Que se movam pela força da vontade.
Aticemos a lança com os olhos
Vazios de quem nada tem
Que na sela, viaja a esperança dum lado,
E no outro, cravos ainda por sangrar.
Cavalguemos Sancho! e voaremos
Num vento de bandeiras desfraldadas
Numa chuva de lanças afiadas de sal.
Ala Rocinante, ala!
A cruzada do querer
Começa nas brisas do imaginar.
Eia Rocinante, eia!
Resfolego que vira asas
Asas que viram lanças
Lanças que viram ar.
A cavalo dado não se olha o dente
Lança-ta p'lo ar Rocinante!
Todos somos poucos
Para tantos moínhos de vento!
2011/04/08
1 comentário:
Eu insisto...dedica-te mas é à escrita que o dom é para ser usado... :)
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