sábado, 9 de abril de 2011

Portugal 2011


País imaginado fora do tempo

Já não existes, se exististe.

Pasto de vento que move moínhos

Também tu giras sem sair do lugar

E silenciosamente agitas as pás,

Sem fazer farinha

Que te possa salvar.





A cavalo dado não se olha o dente

Diz Judas, de olho na crina áurea

Enquanto lhes beija os quadris.

E como Pilatos lava as mãos

No suor de quem trabalha,

Mártires sem filosofia.





Eia Rocinante, eia!

Lança-te de cascos em lança

Contra esses moínhos de vento!

Eu ordeno-te unicórnio,

O povo fará de Pança

E eu imagino-me o sonhador.

Refundemos a santa trindade

Noutros moínhos,

Que se movam pela força da vontade.

Aticemos a lança com os olhos

Vazios de quem nada tem

Que na sela, viaja a esperança dum lado,

E no outro, cravos ainda por sangrar.

Cavalguemos Sancho! e voaremos

Num vento de bandeiras desfraldadas

Numa chuva de lanças afiadas de sal.

Ala Rocinante, ala!

A cruzada do querer

Começa nas brisas do imaginar.


Eia Rocinante, eia!

Resfolego que vira asas

Asas que viram lanças

Lanças que viram ar.

A cavalo dado não se olha o dente

Lança-ta p'lo ar Rocinante!

Todos somos poucos

Para tantos moínhos de vento!



2011/04/08

1 comentário:

Ana Clara disse...

Eu insisto...dedica-te mas é à escrita que o dom é para ser usado... :)