quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Bom Natal a todos

Numa época em que o Natal continua a ser um dia diferente, quanto mais não seja porque apenas se trabalha de manhã, desejo um Bom Natal a todos vós.

Filosofia e o autómato bissubstancialista de Descartes

Encontrei excertos de um caderno do secundário e, no meio das suas páginas, um teste de filosofia do 11ºL, onde eu era o número 9. A nota final foi um 17, num teste onde tenho três pontos de interrogação na segunda parte de uma das perguntas... enfim... coisas do antigamente. A maior curiosidade foi reler o teste e não ter a mínima ideia de ter passado por ali, ter escrito aquilo, ou pensado naquilo que escrevi. De facto, nessa altura de boa memória, e digo-o literalmente, bastava empinar a matéria na manhã antes do teste e sacar uma boa nota. Sem esforço mas, por exemplo, repetindo três vezes a mesma ideia numa pergunta, com palavras diferentes, provavelmente porque não teria nada mais a dizer :)

Voltando ao teste, foi a época de Descartes, do "penso, logo existo" e de um Deus perfeito que nos criara imperfeitos. Passo a citar: "O cógito é o primeiro princípio verdadeiro, claro e distinto que Descarte descobre através da evidência racional, depois de ter colocado tudo em dúvida, pois se ele duvidada e não podia duvidar que duvidava, então, a dúvida era uma forma de pensamento e, se pensava, tinha obrigatoriamente que ser alguma coisa".

Cheguei a utilizar a palavra "bissubstancialista" no texto! E troquei a palavra autómato por autónomo !!!!

Deus me livre!, eu que duvido de Deus e Ele de mim duvida e como duvidamos ambos, ambos existiremos, segundo Descartes, resta saber quem duvidou primeiro para criar o outro.

É muito triste perceber agora que a filosofia é uma grande trampa se não tivermos um professor que nos ensine a pensar ao invés de nos ensinar a vomitar matéria.


domingo, 19 de dezembro de 2010

A crise

Parece que vivemos o tempo do fim do tempo.
Contem as últimas areias da ampulheta e os últimos grãos de açúcar!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Eis o meu Everest


para escalar durante muito tempo...


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Estar não é existir

Sou disperso e incompleto,
Insatisfeito,
Imperfeito,
Sem direito de escolha
Nem hábito de ser escolhido.
Sou negro na escuridão
E sou iridiscente na luz,
Invisível quando presente,
Sempre igual mesmo que diferente.
A opinião é um grito no vácuo;
A vontade, uma utopia abafada.
Sou um móvel na sala
Ou uma prateleira na garagem.
No mar sou um pingo de água,
Na pedreira uma frágua,
Na ventania uma aragem.
No deserto grão de areia,
Numa cómoda, uma meia
No aeroporto a bagagem.
Corro, luto e sofro em silêncio.
Sopro breve e quente no verão,
Arrepio de frio no inverno.
Sim, sou eu.
Mas não me vês
Nem notas em mim.
Eu sou a rotina do dia-a-dia.
Sou aquele que está sempre sem que o vejas
E que nunca é notado nem apreciado
Porque é um valor adquirido
E não trás mistérios consigo.
E eu não tenho mistérios comigo.
Eu apenas estou.
Sempre.

Elegia aos Líderes de Portugal ou Carta de Desamor àquilo em que nos tornámos

Nascemos no cimo do monte e descemos aos trambolhões, empurrando o fundo do quadrado com o nosso peso, esmagando muçulmanos e castelhanos com as nossas barrigas rotundas. Chegados ao mar inventámos um rectângulo só para nós, mas não era suficiente, precisávamos de formas mais modernas, mais abstractas. Acabámos por desenhar o mundo juntando continentes num abraço circular de circumnavegação, apenas para desbaratar tudo e regressar em debandada à origem e se não voltámos ao quadrado foi mera coincidência, que quadrados nos mantemos ainda hoje, a viver dentro do rectângulo a que resolvemos chamar Portugal.

Por existirmos e por sermos quem somos, quero agradecer às grandes figuras da nossa nação que continuaram a cultivar a portugalidade!

Obrigado D. Sebastião por teres desaparecido sem apelo nem agravo, dando início à orfandade de que ainda hoje padecemos. Denotaste visão, daquelas que moldam as grandes nações, ao criar uma escola em que a irresponsabilidade é a maior virtude.

Obrigado Salazar, por nos mostrares as virtudes da liberdade. Não há como ficarmos sem algo para lhe sentirmos a falta e tu educaste-nos pela via do exemplo, iluminando os nossos espíritos pela dor e pelo medo.

Obrigado Cavaco, o rei do alcatrão. Nunca tanto dinheiro de outros foi por nós derretido em alcatrão e em formação. O país ficou mais perto mas nem por isso mais esperto. Pelo menos o bolo-rei do teu reinado foi vintage.

Obrigado Guterres por teres chamado os boys pelos nomes... (todos sabemos porque não os chamaste pelos números) ainda que tenha sido quando os nomeaste para o teu desgovernado governo. O teu legado evidenciou a indecisão à portuguesa, que nos consome a todos. No teu caso estender-se-ia, seguramente, até à escolha entre rezar um pai-nosso ou uma avé-maria.

Obrigado Santana e Durão, por personificarem a política de terra-queimada onde a fuga é uma estratégia legítima, seja fuga em frente, para os lados, para dentro ou para fora, mas sempre sem olhar para trás. Como há que olhar sempre em frente e, é sabido, todos temos a memória curta, a incompetência e a imbecilidade vão-se perpetuando ciclicamente – afinal somos todos iguais, se bem que uns mais inimputáveis que outros!

Obrigado Sócrates, ó nosso rei Leónidas, por apregoares a estabilidade e a confiança no futuro enquanto nos despenhamos no precipício financeiro, como as manadas de outrora, acossadas e encurraladas pelos caçadores, se suicidavam cegamente. A palavra cicuta diz-te alguma coisa?



Obrigado Zé, meu bom e dócil Povinho português por parires e tolerares os teus abortos genéticos. Talvez seja a altura, porém, de baixares essa mãozinha e bateres antes uma punheta.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Piada comercial

Qual é a coisa que mais excita um vendedor?

- um budgetesão!


nota: budget = orçamento disponível para investir em qualquer coisa