Estou convencido que a língua é o maior património de uma cultura. É a sua pedra basilar na medida em que é o veículo de comunicação que torna possível a interacção e o registo - a interacção cria a norma cultural, o registo eterniza-a e ambos a disseminam. Reparem que não falo de povos aqui porque a língua pode extravasar o conceito de povo e em certos momentos de expansão é certo que o fará, mas também podem existir povos com diferentes culturas no seu seio, umas vezes mais concordantes que outras - é o caso de Espanha.
É deveras interessante notar que a cultura americana, ainda que muito próxima da britânica, se é que se pode falar em cultura britânica, porque também ela é uma amálgama de culturas da qual saiu dominante a inglesa ainda que não em regime de exclusividade, seguiu o seu próprio caminho e é hoje, em muitas formas, distinta do original. Seguramente que essa mudança cultural foi possível pela evolução paralela do idioma, afastando-se paulatinamente do berço consoante novas vivências e novas influências se foram acumulando, muito notavelmente a influência africana.
A cultura não é alterada pela língua mas é através dela que evolui e se estabelece. Porque a língua é dinâmica, também a cultura evolui ao longo do traço escrito e flui nas malhas sonoras adaptando-se aos novos tempos sem perder de vista a sua caixinha de perfumes, as suas essências preciosas que impedem que sejamos espelhos uns dos outros. Uma cultura torna-se moribunda quando deixa de ter veículo de comunicação. E não há língua que se mantenha viva sem uma cultura que a suporte.
É deveras interessante notar que a cultura americana, ainda que muito próxima da britânica, se é que se pode falar em cultura britânica, porque também ela é uma amálgama de culturas da qual saiu dominante a inglesa ainda que não em regime de exclusividade, seguiu o seu próprio caminho e é hoje, em muitas formas, distinta do original. Seguramente que essa mudança cultural foi possível pela evolução paralela do idioma, afastando-se paulatinamente do berço consoante novas vivências e novas influências se foram acumulando, muito notavelmente a influência africana.
A cultura não é alterada pela língua mas é através dela que evolui e se estabelece. Porque a língua é dinâmica, também a cultura evolui ao longo do traço escrito e flui nas malhas sonoras adaptando-se aos novos tempos sem perder de vista a sua caixinha de perfumes, as suas essências preciosas que impedem que sejamos espelhos uns dos outros. Uma cultura torna-se moribunda quando deixa de ter veículo de comunicação. E não há língua que se mantenha viva sem uma cultura que a suporte.
Por isso, se emocionalmente me custa olhar para o novo acordo ortográfico com bons olhos ou para a introdução de termos como "bué" no dicionário, racionalmente acho que o acordo ortográfico é apenas o reflexo desta evolução cultural e o resultado natural de uma miscigenação por nós iniciada há muitos séculos atrás e que agora nos ultrapassou em pujança e em dimensão. Quem nos manda a nós, anões, parir gigantes?
Resta-nos aproveitar esta onda e procurar fazer dela algo que perpetue a nossa língua e a nossa cultura.
Ainda assim continuarei a escrever português arcaico - sempre me dá um ar mais intelectual :).
2 comentários:
Ai como eu adorei esta prosa! Pois sai mais uma defensora da Língua e um CAGAR por completo no (Des)acordo ortográfico. Desculpa, mas sobre este assunto só me apetece dizer palavrões! :(
:o) Não posso com este assunto... não vou deixar de escrever o Português que considero correcto. No way.
E sobre o assunto subscrevo o que diz este senhor aqui:http://maradodasideias.blogspot.com/2011/01/vem-ai-o-acordo-horto-grafico.html
e aqui:http://maradodasideias.blogspot.com/2011/02/autodefe.html
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