domingo, 27 de fevereiro de 2011

Óscar Tuga


A propósito do grande espectáculo dos óscares do cinema ao qual eu não podia prestar menos atenção, decidi instituir um novo galardão, só para portugueses, relativo às interpretações artísticas de alguns portugueses que se tenham destacado nos últimos doze meses.

Este galardão, que se quer prestigiado, vai intitular-se Óscar Tuga e vai conhecer a primeira edição hoje mesmo, aproveitando a boleia dos outros óscares.

Este ano há quatro candidatos ao Óscar Tuga. Com várias proveniências e interpretações diversas, os seleccionados são:
José Sócrates
Carlos Queiroz
Carlos Cruz
José Manuel Coelho


Quem ganhará a corrida ao Óscar? Vejam de seguida a razão de cada candidatura.


José Sócrates
A sua interpretação abriu novas avenidas na arte cinéfila, com a sua interpretação do Primeiro Ministro de Portugal no filme:”FMI – O Regresso”. Nunca antes se vira alguém a representar um personagem tão complexo com tanta verosimilhança. Conseguiu combinar a tragicomédia de uma acção governativa, o humor negro, o retrato social apurado e cínico de um povo que é roubado e enganado e, ainda assim, se mantém passivo, as teias corruptas do poder político e económico demonstrando as relações existentes entre os diversos personagens para, dessa forma, reconstruir a razão de ser de uma sociedade abúlica e a justificação para a existência de uma cúpula vampiresca intocável. José Sócrates demonstrou ser um actor multifacetado, capaz de expressar uma gama de emoções muito alargada, característica fundamental para desempenhar o papel que é considerado pela crítica como o mais difícil de todo o cinema português.


Carlos Queiroz
Actor Principal no filme “Oportunidades Perdidas”, brilhou na interpretação de uma personagem arrogante mas incapaz de enfrentar a realidade de ser incompetente. Um filme duro e violento, não recomendado a menores e onde se podem ouvir coisas como “tem que se limpar a merda na federação”. A generalidade da crítica indica o momento em que substitui Hugo Almeida durante o jogo com a Espanha como o momento para Óscar, pela sua intensidade dramática, mas há também alguém que indique os momentos em que fazia competição de definição de abdominais com os seus jogadores. Actor muito experiente, Queiroz conseguiu pegar numa personagem pouco interessante e dar-lhe uma longevidade assinalável. Para além disso, o facto de estar sempre em forma também ajudou, dadas as exigências físicas necessárias a quem compara abdominais.


Carlos Cruz
Habituado a interpretar papéis pequenos, acabou por se destacar num dos filmes mais aclamados do ano – “Small is Beautiful”, uma longa metragem cujo único defeito é deixar o espectador na expectativa sobre o final, uma vez que não fica bem claro qual o destino da personagem principal. As más línguas afirmam que a indefinição do filme foi propositada, já a pensar numa sequela em que a Igreja Católica vai ver-se envolvida numa série de escândalos que quase a destroem. Voltando à interpretação de Carlos Cruz, a personagem desolada, inconsolável e revoltada contém o sal e a pimenta necessários à atribuição do galardão máximo do cinema português. A cena em que está a comer franguinhos da guia com as mãos lambuzadas em molho picante e de repenta congela a expressão, olha por cima dos óculos, um olhar fixo e perscrutador como uma máquina da verdade, e pergunta: “quantos anos tens?” vai ficar nos anais do cinema luso.



José Manuel Coelho
Ainda dizem que as histórias da carochinha não acontecem! Aí está José Coelho, Coelhinho para os amigos, um ilustre desconhecido que é nomeado para o mais alto galardão do cinema luso no seu primeiro filme: “Caldeirada de Coelho”. Um filme que apareceu com grande estrondo no festival da Madeira e se propagou pelo continente, tomando de assalto as tabelas de audiências do género cómico. Na senda dos filmes de Junot e do seu ilustre “Gendarmerie”, Coelhinho interpretou cabalmente o papel de um pseudo-candidato à presidência da república, que aproveitava o facto de ninguém o levar a sério para poder dizer o que lhe passasse pela cabeça. Cenas hilariantes mas um pouco inverosímeis tais como fazer a campanha política em cima de uma carrinha funerária ou uma entrevista feita por um canal televisivo à sua esposa em que esta afirma “eu bem o aviso para ele não dizer aquelas coisas mas ele não me ouve!” são apenas as mais significativas. De qualquer maneira a interpretação de um pobre louco que aproveita a loucura para dizer umas verdades é interpretada com muito realismo e muito boa disposição e acaba por ser uma lufada de ar fresco face ao enorme peso psicológico e dramático das restantes personagens a concurso.


Estão seleccionados os candidatos. Venham agora as votações!

3 comentários:

(n)Ana disse...

Melhor Argumento - ”FMI – O Regresso”
Melhor Actor Principal - José Sócrates em ”FMI – O Regresso”
Melhor Realização (ou será pior?) - ”FMI – O Regresso” - José Sócrates

I think we have a whiner...winner!

Gelo disse...

Gosto tanto deles todos! ai, dúvidas, dúvidas, não consigo escolher!

Ana Clara disse...

Voto Socas, pois claro!