sábado, 28 de maio de 2011

Tumultos em comício do PS

Eis um bom exemplo de palhaçada e intriga que descreve na perfeição a baixeza da política e dos políticos. O Comício do PS foi "abalado" por um cidadão que ousou colocar a sua voz por cima da do candidato Sócrates, acusando-o de ser o responsável pelo estado do país, manifestando o seu desagrado para com as suas políticas, medidas ou atitudes. Descontando o facto de não ser esta a forma mais correcta, talvez deva dizer antes "politicamente correcta", de interpelar um candidato ou de exercer o seu direito à manifestação ou indignação, não é a isso que eu chamo de palhaçada. Aliás, o "politicamente correcto" não é mais do que um eufemismo bacoco que se utiliza para definir um qualquer estado à margem do comportamento social estandardizado, que impede a mudança do status quo. O espaço que se encontra fora dessa expressão é o espaço dos mais marginalizados, dos que não têm voz nem tempo de antena, dos que não têm meios, nem força, nem visibilidade, dos que não conhecem ninguém no Centro de Saúde, na Câmara Municipal ou Junta de Freguesia, que não conhecem nenhum médico ortopedista, nem têm um amigo nas Finanças, na Segurança Social ou na Loja do Cidadão, muito menos num partido político. Por isso mesmo, recuso-me a criticar alguém que encontrou uma maneira de fazer ouvir a sua indignação, de nos fazer sentir, quiçá, uma pequena medida de algum desespero, porque como ele, muitos outros há, resguardados em cantos e recantos, estradas e valetas.

A palhaçada encontro-a na reacção do candidato Sócrates e dos seus correligionários a este evento. Descartando-o como se fosse um acto de somenos importância, um pintelho de Catroga, um robalo de Vara, um deserto de Lino, uns chifres de Pinho, um palhaço de Maria Nogueira Pinto ou a tia de um qualquer deputado da oposição. Este é o país real, meus caros! Este é o país que olha para o mar e já não acredita que ele seja redondo, mas que no horizonte está o adamastor e um fosso sem fim. É vergonhoso que para se fazer política os socialistas tenham que renegar os seus valores.

A intriga política prontamente preparada pela máquina socialista é outra palhaçada, por ser inverosímil. Para que aquele acto isolado fosse um acto orquestrado pela oposição, teria que se assumir que Pedro Passos Coelho seria um estratega capaz de planear actos futuros e de os capitalizar, conforme se viessem a desenrolar. Mas... será que alguém acredita realmente nisso?

1 comentário:

Ana Clara disse...

Era o que faltava não se poder exercer o direito de manifestação...