sábado, 14 de maio de 2011

Solo

Foram teus os meus primeiros passos
titubeantes.
Dei-tos à força
p'la força da Lei
que nos atrai.

Se te pressiono
é porque me amas.
Tacteio-te,
suspenso como Babilónia em flor.
Também Amitis foi solo de Nabucodonosor,
um jardim impenetrável
que aproximou nações.
Solo admirável de arreigadas fundações,
gravito inexoravelmente para ti.

Se te pressiono
é porque me suportas
e recebes as minhas pegadas
como um colo.
Levas-me tu e eu deixo-me levar...
Marco-te com o ferro dos meus cascos
e anuncio-te meu.
Tu apenas deixas o tempo escorrer
p'lo barro que fende,
um corpo que desce,
uma alma que ascende.

Se te pressiono
é porque me aceitas
e guardas no teu passado o meu rasto,
guardarás depois também o rosto.
Um pouco de mim fica para o próximo,
o restante para os restantes
mas não agora, não já.
Leva-me, que eu deixo-me levar.

1 comentário:

Ana Clara disse...

Eu é que tenho razão mas tu nao me «acreditas»... :)