sábado, 17 de setembro de 2011

Mirandês - desliguem-lhe a máquina!

O mirandês é a segunda língua oficial de Portugal, ainda que ninguém a compreenda, fale ou escreva fora da região de Miranda do Douro e arredores. Acredito até que  mesmo nessa região poucos o falem e quase que aposto que absolutamente ninguém o usa no seu dia-a-dia.

Afirmo isto sem recurso a nenhum dado concreto nem a nenhuma experiência particular. É uma daquelas ideias que se baseiam no conceito de que se algo não for útil (e incluo a arte como algo útil) não sobreviverá - é uma decorrência da selecção natural aplicada a algo que não é um ser vivo, mas que é manipulado ou utilizado pelos seres vivos e, como tal, se rege pelas regras que moldam a realidade desses seres vivos (nós).

Apeteceu-me discorrer um pouco sobre esta questão do mirandês por causa de uma reportagem lançada na SIC onde se dá algum tempo de antena à "utilização" e "importância" desta segunda língua nacional. Discordo completamente dessa relevância. O mirandês não é utilizado nem é importante, desculpem-me os mirandeses. Mais me irritou porque ao ver a reportagem pareceu-me estar a assistir a uma peça montada por uma máquina de propaganda fascista com o objectivo de evangelizar a população para a bondade da causa, neste caso do mirandês. Desde os meninos (coitados) na escola, com um ar natalício, a recitar, um de cada vez, a fábula da lebre e da tartaruga até às senhoras de idade a simularem uma conversa natural em mirandês, sobre vacas, silvas, portões e ladrões, visivelmente pouco à vontade porque, claramente, só devem falar mirandês quando lá vão os jornalistas da SIC, toda a reportagem foi uma encenação, quiçá patrocinada pela autarquia.

Não acredito que existam mais de 10.000 pessoas a falar mirandês como afirmaram na reportagem. A não ser que contem as pessoas que conhecem até um mínimo de três palavras. Nesse caso, eu sou um poliglota de renome porque falarei mais que dez idiomas, incluindo o mirandês, a saber: "lhéngua", "hoije" e "scritores".

Por outro lado, considerar o mirandês como segunda língua nacional, quando ela é ensinada apenas num punhado de escolas primárias é uma anedota. Mais valia seleccionar o inglês, o francês ou o castelhano como segunda língua, ou então, se o anterior vos escandaliza, escolham o latim e voltamos aos tempos de antigamente, mesmo porque língua morta por língua morta, o latim sempre tem mais valor e aplicabilidade. A "piéce de résistance" é saber que de entre os livros traduzidos para mirandês, os dois mais notavelmente publicitados são... Eça? Camilo? António Lobo Antunes? Não. São dois volumes do Astérix... tipicamente português, diga-se de passagem...

Se o mirandês alguma vez foi vivo, já morreu. Se está morto deixêmo-lo ao cuidado dos historiadores, façamos levantamentos culturais do que foi e da sua importância, criemos festas temáticas onde se celebre essa tradição mas não percamos tempo nem gastemos recursos a inventar uma roda quadrada que nunca funcionará, porque a redonda já foi criada há muito tempo e funciona melhor. Não gastemos o tempo das crianças nem o dinheiro dos seus pais e do resto dos contribuintes para ornamentar esse túmulo!

Passos Coelho, olha aqui uma despesa boa para se cortar quase sem impacto nenhum! Pode ser que chegue para oferecer um bilhete de avião ao Alberto João Jardim para o raio que o parta.

7 comentários:

Anónimo disse...

Amigo, demonstra uma total ignorância e desconhecimento em relação ao tema e à língua mirandesa. E fascista é sim, o seu discurso! E já agora, bem que precisa de "gelo nessa mioleira". AS melhoras :D

Gelo disse...

Obrigado pela sua visita senhor(a) anónimo(a). De facto não pretendo demonstrar conhecimentos que não tenho e digo-o claramente no texto. Para além disso mantenho tudo o que escrevi como sendo a minha opinião sobre o assunto. E mantê-la-ei até alguém me demonstrar o contrário e não é uma reportagem da SIC que o faz ou o dia do mirandês ou a posta mirandesa, bem boa por sinal.
Infelizmente o seu comentário não traz nada de novo para me ajudar a mudar de opinião.
Passe bem e volte sempre :)

Anónimo disse...

Que pena que ainda exista gente tão ignorante... Experimente visitar as Terras de Miranda por um tempo, vai ver que até derrete o gelo!!

Gelo disse...

Já por lá passei numa altura de canícula... mas não vejo o que isso tenha a ver com o assunto. Talvez indo lá e levantando uma pedra, encontre 10000 mirandeses em amena cavaqueira em mirandês... que me convençam.

Por aqui, pelas redes virtuais, apenas encontro os "porque sim".

Se ainda tivesse escrito eignoránte ao invés de ignorante talvez eu lhe pudesse dar mais crédito mas, nem isso... :)

Um abraço caloroso para si! :)

Anónimo disse...

Afinal há conhecimento da Lhéngua...

Anónimo disse...

Cuidado não levante muita pedra... Não vá alguma cair-lhe em cima...

Gelo disse...

Se é uma tentativa de humor, ficou-se pela tentativa. Se é uma ameaça ainda está para nascer um cobarde que inspire receio em alguém. Não se preocupe em sair debaixo da sua pedrinha, que está lá muito bem.

E se quiser comentar mais alguma coisa relativamente a este assunto, agradeço que o faça de forma inteligente e se tal não lhe for possível então evite comentários. Não vou perder mais tempo com anónimos de nome e conteúdo.