quinta-feira, 28 de outubro de 2010

locus

Cada vez mais me convenço que o locus interno que se defende nas organizações como uma coisa positiva, uma atitude de construção, compreensão e aprendizagem, não é mais do que uma medida de controlo implementado pelas pessoas que têm locus externo... os fdps que fazem a vida negra aos outros.

domingo, 24 de outubro de 2010

Criatividade

Criatividade é a fusão de dois conceitos pela ordem inversa: Actividade e Criação.
Gosto de pensar nela como a actividade de criar, mas não me fico por aqui. Dito assim, a criatividade parece algo maquinal, visceralmente ligado à execução quando, na realidade, não é nada disso. A criatividade surge da necessidade e do prazer da descoberta, característica que retemos da nossa infância, onde tudo era novo. A criatividade nasce da paixão que aplicamos na junção de elementos, nasce do amor com que cozinhamos e transformamos esses elementos para criar algo que seja único, na medida em que está imbuído de sentimentos nossos, de contextos próprios, específicos, dificilmente replicáveis.

É por isso que uma pintura de Picasso é uma obra de arte especial e valiosa e uma cópia exacta da mesma obra não passa disso mesmo - de uma cópia, coxa de contexto, despida de sentimentos, caricatura das emoções que lhe deram luz. E se imitar pode ser uma arte por direito próprio, nunca será mais que uma amostra da verdadeira fragrância que emana de um original.

Neste contexto, criar não é apenas o acto de construir algo mas sim o de construir algo de novo, algo de diferente. É também um acto de amor, na medida em que criar implica amar e construir pode ser apenas um movimento mecânico. Pode construir-se algo e repetir essa criação as vezes que forem necessárias, mas a criatividade inerente a essa obra esgotou-se no momento em que foi originada. O depois resume-se à partilha, à divulgação à democratização e exploração dessa ideia ou obra primordial.

É por essa razão que um quadro branco com uns rabiscos (lembrei-me do Miró, vá lá saber-se porquê...) pode ser algo criativo. Não apenas porque é novo e diferente, mas porque tem um contexto que tem relevância para o autor e para os "consumidores" de arte. Eles reconhecem-lhe a individualidade e descobrem ou partilham as emoções. Da mesma forma uma ave de plasticina, meio deformadita e com o bico desproporcional, manufacturada pelos dedos pequeninos de uma criança, representa a aplicação da sua criatividade - é a expressão dessa criança do seu conceito de ave, de acordo com a sua capacidade, a sua percepção e a habilidade com a plasticina. Tu poderias fazer melhor? Seguramente que sim se, para ti, melhor for uma ave mais próxima do ser vivo real, ou algo diferente mais próximo do teu conceito de ave.

Ainda não há muito tempo participei num workshop de desenho e nesse workshop o formador dizia que desenhar não é necessariamente copiar com exactidão. A sua opinião era distinta - desenhar é interpretar a realidade de acordo com a nossa perspectiva. E estou a falar de desenho à vista!

A análise da criatividade tem um paralelo na forma como se analisa uma obra de arte, talvez porque as obras de arte não sejam mais do que expressões de criatividade, um mero subconjunto que só é relevante porque a arte é relevante para nós, humanos, mais do que outros formas de expressão criativa. Mas, dizia eu, existe um paralelo e esse paralelo traça-se no plano da emoção que determinada obra gera ou não a alguém. Nem sequer tem que ser a mesma emoção que levou à sua criação, mas uma emoção é uma emoção e é gerada por cada ser humano de forma diferente e também por isso, o mesmo estímulo pode produzir resultados diferentes em diferentes pessoas.

Por vezes surge alguém no nosso caminho que nos diz sermos muito criativos porque temos imaginação. Outros há que nos chamam idiotas, mas adiante... centremo-nos nos primeiros. Somos imaginativos porque sonhamos e no sonho não há regras. Mas a criatividade socorre-se da imaginação e ultrapassa-a na medida em que concretiza aquilo que a imaginação idealiza. É, mais uma vez, a concretização de uma ideia inovadora numa realidade qualquer, ainda que possa ser abstracta. É a definição de leis para essa imaginação, a criação de uma ligação espaço-temporal que a identifica, que a caracteriza, que a torna "palpável" por um dos nossos sentidos.

A humanidade avança, redescobre-se e redesenha-se por causa desta criatividade.
Imaginamos um destino, criamos um caminho e construímos um meio para lá chegar.
E se o destino estiver viciado, como o indicam os Homens da ciência e os Homens da religião, ainda assim, a realidade é como um livro de aventuras em que no final de um capítulo nos é dado a escolher o capítulo subsequente, sendo que as opções são aquelas que a nossa imaginação nos sugere em dada altura e para as quais encontraremos uma forma criativa de palmilhar o hiato que as separam da realidade.
Até ao fim?
Quem sabe, para lá dele...


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A tangibilidade das palavras

A palavra é a expressão do pensamento. É a redução da emoção a um protocolo que permite guardá-la e partilhá-la. É o tradutor natural que ultrapassa a barreira do nosso corpo, a forma quase concreta de reduzir a abstracção absoluta dos impulsos que percorrem o nosso interior e convertê-la em algo supra-cutâneo, talvez mais inteligível.
A palavra cresce quando dita em voz alta, compromete quando escrita, agiganta-se quando cantada, é incomensurável quando chorada.
Libertamos e agarramos palavras e elas agarram-nos a nós, como açúcar e suor, como pólos magnéticos que se atraem irreversivelmente... e peça a peça vão completando a nossa roupagem, a camada exterior que nos apresenta ao mundo.
Cautelosamente juntamos as peças e construímos a nossa realidade. Transformamos algo intangível em algo substantivo, algo que sente por nós e algo que extravasa o que nós sentimos.
Tanto podem ser a voz que embala como a pedra que fere.
Por isso se diz que as palavras magoam.
Por isso sabemos que as palavras despertam e deleitam.
Assim as sentimos.
Assim as criamos.
Extrapolar
1. Tirar uma conclusão com base em dados reduzidos ou limitados.
2. Exceder os limites do bom senso.

Extrapular
1. Tirar uma conclusão sem base absolutamente nenhuma
2. "leap of faith"

:)

domingo, 17 de outubro de 2010

"Mandar tudo para o espaço"




Estou a imaginar uma nave espacial em direcção ao sol... a sair da atmosfera... vultos olham para baixo pelas pequenas janelas redondas, para o planeta terra, cada vez mais distante, cada vez maior para aqueles que até agora a julgavam pequena como eles próprios. Olham pela janela com um misto de surpresa, melancolia e resignação, por saberem que o seu destino é o sol e que não há retorno possível. Decoram os contornos dos continentes, observam as massas nebulosas, um pequeno furacão sobre o pacífico... o azul intenso do planeta... a nostalgia de ser este o último olhar sobre o planeta que os viu nascer e ao qual não poderão regressar...
e diz o Passos Coelho: olha agora o que me apetecia era ouvir Adagio for Strings. Olha... isso era porreiro pá, mas eu preferia ouvir o Air de Bach responde o Sócrates, parece-me mais apropriado pelo facto de estarmos a voar tão alto... Epá, mas vocês não se entendem nem aqui, pergunta Cavaco, enquanto o Alegre resmunga se fosse comigo isto não seria assim... Gera-se o silêncio e de repente ouve-se um bip bip, bip bip... Ah, possas, diz o Portas, não desliguei o reminder do telemóvel para não me esquecer de ir à feira do bulhão...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Encher Chouriços

Cada vez mais os jornais online têm que cuspir alguma notícia cá para fora para não perderem quota de mercado. Por isso, nota-se que que há notícias que são claramente para "encher chouriços". Isso é mais evidente quando não há espírito crítico daquilo que se escreve e apenas se copia o trecho de informação enviado pela Reuters, pela Lusa e outras que tais.

"«Salanoia durrelli» é o nome da nova espécie de mamíferos encontrada a viver nas zonas húmidas que rodeiam o lago Alaotra, no centro da ilha africana. O pequeno animal castanho pesa menos de um quilo, é carnívoro e é, segundo a organização não governamental Consevation International, é uma das espécies mais ameaçadas do mundo."
in tvi24 online

Então descobre-se um novo mamífero e já é um dos mamíferos mais ameaçados do mundo? Será que nasceu com uma etiqueta a dizer "hug me" ou qualquer outro tipo de indicador de extinção eminente?

Ainda agora se descobriu e já se sabe quantos indivíduos existem dessa espécie? Se estão a decrescer ou a crescer em número e qual o seu nível de adaptação ao meio?

É a treta do IOL mas haja paciência! E algum sentido crítico, já agora.

Evento Sushial III - take 2

Afinal ainda existiam mais duas fotos por publicar!

Aqui se vê o resultado final da tenda de rábano:


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Evento Sushial III

Mais uma tarde de trabalho intenso, mais uma shusizada, mais ajudantes, mais vinho, mais mais. Menos fotografias. Desta feita, não havia fotógrafos profissionais e havia muita fome, por isso também não há fotografias estilizadas. De qualquer modo, fica o testemunho:



Infelizmente, ninguém fotografou a versão final... tanto trabalho, tanta imaginação e dedicação e (quase) tudo se perdeu... até dá pena enviar isto para o lixo mas... cést la vie.


Não tem nada a ver com a ventania que nos fustiga. É decamarão. Quer dizer, é decoração. A rolha de Lambrusco ao fundo começou cheia de gás mas acabou assim, deitadita... tadinha.


A fome era tanta que até se começou a perder a visão. Foi uma experiência muito próxima da quase-morte, de tal forma que até se viu a luz branca no final do túnel.




Sushi em círculos, sushi em fileiras, sushi selvagem. Deste, até os que não gostam de sushi (ou assim o dizem) comeram. O man-of-the-match foi o sushi de morango, marmelada e queijo philadelphia. Especialmente quando regado com molho natural de frutos silvestres.


Neste jogo de damas também se comiam as peças.

Obrigado por mais uma tarde e noite bem passadas. Um abraço especial aos ajudantes de sushiman. A destreza foi tanta que até deu para eu ficar apenas a ver e a polvilhar no fim com mais um bocadinho de sementes de sésamo hehehe.