Antes de mais, permitam-me dizer que eu gostaria que o Queiroz se tivesse demitido após o mundial, nem que tivesse alegado fazê-lo porque lhe nascera um furúnculo no pé. Diria mesmo que, após o mundial, confesso, cheguei a desejar que se tivesse demitido antes do mundial. Confesso também que até à substituição do Hugo Almeida na partida com a Espanha fui um defensor do Queiroz, ignorando sinais claros do desnorte que grassava naquela organização. Aquele foi o momento definidor para mim. O momento em que não pude mais defender a minha teoria de que ele só poderia ser avaliado no final do mundial. Em abono da verdade apenas me antecipei em alguns minutos...
No entanto, as jogadas de bastidores que se costumam ver no futebol e as politiquices nojentas que se costumam ver... na política, quando em conjunto, só podem nausear até à morte qualquer pessoa que a elas assista. E não há dúvida nenhuma que a desculpa encontrada por Laurentino Dias e os seus acólitos ou mandantes (alguns conhecidos, outros não) para testar o despedimento de Queiroz, assim à laia de "deixa ver se pega", não passa de uma imunda politiquice de bastidores.
Será que contavam com o apoio da opinião pública, desgostosa após a derrota com a Espanha, para criar uma onda que tornasse insustentável a presença de Queiroz à frente da Selecção - resolvendo um problema à FPF?
Será que foi apenas uma manobra política para capitalizar o descontentamento da opinião pública em proveito de um PS à beira do precipício e, especialmente, em proveito do seu líder, esmagado por tantos escândalos e más decisões e indecisões que lhe têm custado a imagem e a nós a saúde financeira? Nem sequer era a primeira vez que procuravam aproveitar-se do futebol - veja-se o caso Tagus Park/Figo.
Será que sofreu pressões de alguém ligado ao futebol e que estava interessado em colocar outra pessoa no lugar de seleccionador? Talvez alguém mais maleável a certos interesses? Infelizmente os dois candidatos mais prováveis, os presidentes dos dois maiores clubes nacionais, acabaram a defender o seleccionador, não se sabendo com que honestidade, mas essa é outra história. Um facto: dois candidatos subiram imediatamente a terreiro, ainda Laurentino não tinha acabado de falar, a tentar ganhar altura espezinhando Queiroz.
Será que foi apenas um devaneio futebolístico de Laurentino Dias, qual vulgar adepto, choroso com a substituição do Hugo Almeida? Um devaneio que o levou a desejar ardentemente a substituição de Queiroz, fervor partilhado pela esmagadora maioria dos portugueses, é certo, mas notoriamente indecorosa e pornográfica no método, muito mais que as expressões de regressão intra-uterina alegadamente proferidas por Queiroz, dado que foi por demais evidente que nada mais queria do que f**** o seleccionador!
Não estou certo que Laurentino Dias tenha sido o mentor desta ignomínia mas foi quem deu a cara e a credibilidade ao inquérito movido a Queiroz. Confesso até que a primeira ideia que aflorou a minha mente foi que o mentor de tal jogada teria sido o incompetente-mor da monarquia futebolística, o senhor Madaíl, em desespero, agarrado a um calhau no meio de um tsunami. Porém, depois de o ver no final da Supertaça a mediar os dois maiores anjos da guarda de Queiroz neste processo, não sei se o julgue Pedro ou Judas. Quem sabe o tempo nos venha a esclarecer a sua inclinação.
Quanto a Laurentino, demonstrou uma faceta que não lhe conhecia, a da instrumentalização. Talvez porque não lhe tenha prestado muita atenção até hoje...
Já agora, para aqueles que arregalaram os olhos quando leram a expressão "f**** o seleccionador", aviso desde já que me referia a "filar", no sentido de "morder o seleccionador".
Evidentemente!
Sem comentários:
Enviar um comentário