domingo, 15 de agosto de 2010

Pulseira do (des)equilíbrio


As pessoas que compram e usam a pulseira do equilíbrio, porque esta melhora o seu equilíbrio e não por questões meramente estéticas são, comprovadamente, desequilibradas. Se não o fossem, não precisariam de uma pulseira em primeiro lugar. O único aspecto positivo de usarem essa pulseira é a manifestação de conhecimento desse desequilíbiro e o altruísmo que denotam ao partilhar esse sinal de demência com todos nós, para que os possamos evitar. É um rasgo de lucidez que emerge do desequilíbrio, mas nem esse pequeno sinal de sucesso se pode atribuir à dita, porque ele terá que ter nascido, forçosamente, antes da ostentação de tal amuleto.

O fenómeno tem algumas semelhanças com as pulseiras que uma facção da juventude usa para indicar o seu estado de comprometimento com outra pessoa - uma indica amizade, a outra sexo ocasional, talvez haja uma para "virgem", outra para "enclausurada num convento contra a vontade" e muitas mais se poderiam criar ainda antes de entrar no fucsia, no sépia e nos degradés. Só que, contrariamente ao despretenciosismo das pulseiras coloridas, as pulseiras do equilíbrio são vendidas como algo que beneficia o corpo e a mente, aumentando o equilíbrio de ambos. Na prática, se estivermos em pé e levarmos com uma nortada nem pestanejamos, antes aguentamos estoicamente a nossa posição como se nos tivéssemos transformado em gárgulas. E esse é um benefício claro e importante com a ventania que por aí anda! E só pode ser verdade, mesmo que, à excepção dos vendedores de banha da cobra, ninguém o consiga provar ou defender, ou sequer perceber como pode funcionar na prática ou na teoria a pulseira, para lá da auto-sugestão e tratando-se de auto-sugestão então as pulseiras são placebos que não têm impacto real. Isto tem um nome: publicidade enganosa. Por isso também, disse que só pessoas já desequilibradas é que podem acreditar que existe algum impacto positivo.

Se se vier a provar que existe um efeito placebo, então a pulseira do equilíbrio entra na mesma categoria dos ossos de galinha, dos sapos, dos trevos de quatro folhas e outros amuletos tais como santinhas, cruzes e rezas, entrando a talho de foice numa franja do mercado de religiões e de seitas como a IURD... por isso cuidado! Se a IURD se sentir ameaçada no seu feudo da vigarice, é bem possível que venha a excomungar a carteira de todos os possuidores de pulseiras e exigir o dízimo aos vendedores de tal produto.

Eles que são da mesma cepa que se entendam. Já eu, só espero que o holograma das pulseiras seja fluorescente para que se possam ver também à noite...

4 comentários:

Clarice disse...

Gostaria de colocar a seguinte questão: se os meus vizinhos usarem a pulseira e dormirem com ela, e o meu quarto ficar por cima do deles... será que me equilibro melhor? (esta pergunta não é para brincadeiras senhor Gelo, é cá uma dúvida que eu tenho... e que não me sai da cabeça.:)

Tinha mais questões... mas deu-me cá uma tontura que já não vejo nada.. vou a correr para o meu quarto, quem sabe os outros já dormem... e eu ainda volte para perguntar mais coisas interesantes:))

Gelo disse...

Cara leitora, isso depende. Se de facto estiverem a dormir... ou não!

Por outro lado há quem goste de fazer actividades lúdicas tais como croché, macramé e puzzles de 5000 peças na cama e, como é sabido, são actividades ruidosas, que necessitam de bastante equilíbrio e às quais a pulseira pode ajudar.

De resto, recorra ao construtor da sua habitação e pergunte se a areia utilizada no cimento era proveniente do rio sado. Se for o caso, recomendo que mude de casa porque corre o risco das pulseiras corroerem o chão do seu apartamento tal o magnetismo que emitem...

Ana Clara disse...

Pois eu sou uma grande céptica em relação a isso. Sou daquelas confinada ao grupo dos que acham isso uma grande tanga e um negócio como outro qualquer! :)

Unknown disse...

Equilibrou seguramente as finanças de quem as inventou.....