quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Is this Ireland?!

Local: Dublin, Irlanda. Cruzamento com um pub numa esquina, um edifício abandonado na esquina oposta, um edifício inescrutável à esquerda e uma loja de jogos de tabuleiro à frente. Ao lado da loja de jogos está uma loja de conveniência.

Atravesso a estrada e aproximo-me da montra para observar os jogos. Eis que um irlandês se aproxima vagarosamente, a raspar com o corpo na parede. Na realidade não raspava o corpo porque vestia uma sweater vermelha com capuz por cima de uma t-shirt branca; olhar fixo no infinito, neste caso no fundo da rua, avançava periclitante na minha direcção, garrafa na mão oposta à parede onde apoiava a sua progressão. Chegado à montra do estabelecimento dos jogos terá perdido o resto das forças ou da dignidade e encosta-se de costas contra o vidro. Lentamente, sem mover um músculo que fosse, provavelmente sem noção de que a gravidade é uma força omnipresente no nosso planeta, começa a deslizar para a esquerda, como se fosse um ponteiro do relógio a inverter a sua marcha, passando pelas 23 horas, deslizando para as 22 horas, sempre a deslizar encontrado ao vidro continua para as 21, para as 20, 19 e pumba, eis que encontra o chão onde fica sem apelo nem agravo, sem uma tentativa de se mexer, de levantar a cabeça sequer, mas de olhos abertos, como se estivesse consciente no interior e o corpo não respondesse aos impulsos nervosos.

Nota: não largou a garrafa em momento algum.

Eu, a 50 centímetros da cena não me mexi, fiquei a ver a cena como se se tratasse de um filme do Joaquim de Oliveira...

Priceless: movimento counterclockwise com uma garrafa na mão:
| -> de costas para a parede
\ -> firme e hirto mas em slide
_ -> firme e histo mas esparramado

2 comentários:

Anónimo disse...

Incrível a tua falta de solidariedade... não me digas que nem uma pint bebeste com o sr?

M&M

Gelo disse...

Já não via disto desde que saí de Portugal :)
Hoje fotografei outro igual por volta das 16H00...

Como não há nada para fazer aqui a não ser ficar dentro de quatro paredes a beber, até nem é anormal existirem uns poucos destes fenómenos.