Sempre nutri uma simpatia pela figura do génio, especialmente do excêntrico, cujo expoente máximo foi Einstein e a sua fotografia com o cabelo em pé e a língua de fora.
Os "génios" são elementos aglutinadores na História da Humanidade. Quais buracos negros dos quais matéria alguma escapa, parecem exercer uma força gravitacional irresistível que atrai os seus contemporâneos, os seus sucessores e até os próprios eventos que moldaram a nossa História, para o seu interior. Porventura é mais fácil imaginar a História mapeada como se fora um céu estrelado que, olhado por baixo, revelaria os génios como sendo os planetas e os acontecimentos importantes as estrelas, ambos pequenos alfinetes luminosos na malha da realidade, mas aqueles que se conseguem identificar de imediato e que sobressaem da bruma que envolve tudo o resto.
Não deixa de ser curioso porém que, para manter essa comparação, se esteja a cair em contradição, dado que a corrente científica mais respeitada na actualidade indica que as galáxias se estão a afastar cada vez mais e os cientistas e as correntes científicas, pelo contrário, se estão a concentrar. Na antiguidade, a genialidade era uma expressão que resultava mais do isolamento, do individualismo e da subtracção. Era o resultado de uma mente brilhante, muito acima dos seus contemporâneos que trilhava sozinho um determinado caminho. Hoje em dia, a especialização continua (e continuará) a existir mas também se começa a assistir ao movimento contrário, à generalização, combinando diversos ramos da ciência e unificando-os numa única teoria que satisfaz as necessidades de todos.
A compreensão da nossa realidade passa por juntar essas peças recortadas pela especialização, combiná-las de forma adequada e conseguir perceber a lógica de tudo o que nos rodeia, visível ou invisível.
Estas correntes, estas forças dinâmicas, atravessam os povos, as culturas, as ideologias, as economias, as epistemologias; invadem-nas, perfuram-nas, incorporam-se nelas e extravasam os limites da sua origem, reflectindo-se de várias formas nas fibras que compõem a nossa realidade. Podemos observá-lo no crescimento das redes sociais, na cooperação virtual, no crescimento incomensurável da informação, do conhecimento, da visibilidade em tempo real; também na importância crescente do papel dos recursos humanos nas organizações, na obsessão pela qualidade, no crescimento das capacidades de liderança, no pensamento estratégico e no pensamento científico; ainda no ambientalismo emergente, na evolução da religiosidade para a espiritualidade, nos produtos, na indústria e no lazer.
Tudo está a evoluir. Tudo está a crescer de forma cada vez mais integrada. Os ramos que se vão diversificando encontram novos pontos de contacto, por vezes distintos das próprias raízes. Uma das teorias recentes, indica até que o conhecimento vai continuar a crescer infinitamente até o fim dos tempos, venha ele como vier.
Qual o papel dos génios agora?
O mesmo de sempre.
Não deixar que se apague o brilho das estrelas.
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