quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Coisas que me intrigam...









A trigonometria foi uma matéria que sempre me intrigou, enquanto estudante.

Por que razão haveria eu de querer saber que um ângulo tinha "x" graus? Ou saber que um ângulo recto tem 90º quando uma recta tem 180º e um triângulo isósceles tem dois lados iguais? Ainda para mais é mentira que um triângulo isósceles tenha que ter dois lados iguais.
Este, por exemplo, tem três lados diferentes e é isósceles!

Já quanto às rectas, vejam bem um dos postulados que tínhamos que saber: "Numa recta, bem como fora dela, existem vários pontos". Exclamação!! Deve ter sido o Marcelo Rebelo de Sousa a escrever isto...
A bem da verdade, devo dizer que há um tipo de ponto que não existe nas rectas - o ponto final.

A trigonometria devia ser dada na pré-primária! Aí sim, tinha interesse em pirâmides, em cubos e outras geometrias, todas muito bem empilhadas, umas em cima das outras... para deitar tudo abaixo depois com uma pancada faraónica.





Outra coisa de que nunca gostei foi resolver problemas que envolvessem fruta. "se juntar duas laranjas, um pêssego, uma banana, 10 cerejas, 20 uvas e uma ameixa, com quantas peças de fruta fica o menino?" - bem, a resposta varia se comer ou não as frutas, por isso não é importante. Depois vieram os ramos das inequações, sendo que uma inequação, apesar de nascer num ramo, não é uma fruta, caso contrário poderia pertencer ao problema acima enunciado. Entretanto fomos apresentados aos números negativos, que transformavam a fruta em fome. Mais tarde os números transformaram-se em letras e, por exemplo, b+a+n+a+n+a podia na realidade corresponder a vários cachos do dito fruto. Então vieram as séries e os limites. A única semelhança é que tal como as actuais, também as séries matemáticas parecem não ter limite e gastam-nos os neurónios até à exaustão.

E afinal, chegamos ao fim a pensar o mesmo que no início, ou seja, a matemática é mesmo uma grande salada de fruta.









Há para todos os gostos e feitios. Umas veneram anjos, outras destroem aviões contra edifícios, a algumas não lhes toca a vaca, a outras o porco, a todas o diabo. Umas apreciam figuras de lutadores de sumo com bolinhas no cabelo, outras preferem o top-model esguio em que a cruz é literal e, por uma vez, não é a anorexia, todas amam alguém, muitas odeiam alguns e o que todas desejam é ser adoradas.

De todas as religiões, aquela onde é destilada mais fé ou fé mais ardente chama-se Euromilhões. Tenho visto perfeitos agnósticos que, em face de um pequeno papel com alguns números, a sua bíblia resumida, que a completa só existe no Totoloto 5 semanas, rezam fervorosamente e esperam a chegada do messias, 6ª após 6ª, em frente à televisão, que já não está na moda descer a voar por entre um punhado de nuvens brancas e fofas!

Percebo a fé, afinal todos nós somos ignorantes desde o dia em que nascemos até ao dia em que morremos. Já as religiões não as compreendo. São meras organizações que canalizam a fé para um objectivo tão básico quanto oculto e que não é mais que o perpetuar de um status quo centenário, um poder invisível mas bem palpável, que é utilizado por diversas estruturas e grupos de poder, sendo por isso um poder concentrado e simultaneamente difuso.





Partidarismo é algo muito parecido com a máfia. A diferença encontra-se essencialmente na proporcionalidade directa entre o número de letras de cada palavra e o respectivo número de correligionários ou seja, no número de mafiosos que compõem cada organização.

Mais a sério, o partidarismo é um mal necessário, como quase todos os males e os bens, que são sempre necessários para uns e desejavelmente descartáveis para outros. Neste caso, são a única forma de garantir que um bando de inúteis se concentre a tempo integral numa luta por um poder que pode nunca chegar. Se não for inútil não perde o seu tempo a tentar subir a pulso pela estrutura de um partido, que isso de dar facadas nas costas, apoiar-se com os pés na cabeça de outros, vulgo espezinhar, e lamber botas e sabe-se lá que mais é chato, é amargo e às vezes provoca a sífilis.

No limite, não havendo partidos, como se formaria um Governo?

Imaginemos: um qualquer indivíduo avançaria e criaria uma lista de amigos, não necessariamente ligados por sangue, caso em que seria uma monarquia, mas seriam amigos próximos porque são aqueles em quem mais confiamos. Será que nesse grupo de amigos haveriam pessoas com valor suficientes para tal desafio?

Supondo que não acontecia assim, convidaria outros indivíduos influentes e aí... teríamos um partido.

Retomando o raciocínio, podemos ter outra alternativa: se se candidatassem a título individual e, só depois, todos eleitos na Assembleia, escolhessem os representantes de cada pasta e decidissem à posteriori as medidas a tomar... em quem votaríamos nós realmente? Que esperança poderíamos depositar numa única pessoa cuja autonomia, influência ou poder é uma incógnita até bem depois do nosso voto? E será que se a equipa incorporasse outras pessoas que nós não gostaríamos de ver à frente dos nossos destinos ´ficaríamos confortáveis? E será que faz sentido votar em pessoas ou em projectos?

É claro que existem respostas teoricamente correctas mas verdadeiramente impossíveis de aplicar e, por isso, sujeitamo-nos a um mal menor.

Habitualmente confundido com clientelismo, o partidarismo tem demonstrado frequentemente não ser assim, senão atente-se nos casos exemplares de Felgueiras, Oeiras, Gondomar, Marco de Canaveses, Funchal, Freeport, Mota-Engil, IPE - Participações Empresariais do Estado, Cascais, SLB, FCP e SCP, BPN, submarinos, Moderna, etc., etc..

O que me faz confusão no partidarismo é a sua base de apoio. Faz-me confusão que as pessoas olhem para um partido como algo que devem defender de forma acérrima, na maior parte das vezes nem sequer conhecem os seus fundamentos, a sua ideologia, mas estão sempre prontos para mais uma festa, mais uma confusão, mais um voto.

Quando à pergunta "vota em quem?" a resposta é "voto no partido x"... eu troco de assunto.












Para completar a trilogia dos idiotas juntemos o futebol à religião e ao partidarismo.

"O Benfica é o maior partido religioso do país. "

Acho que isto resume tudo.

3 comentários:

Anónimo disse...

A "trilogia dos idiotas", não podia "assentar" melhor, a esta Análise bem engraçada, quiçá, Realista!

O "meu" problema, é ser "Ateu", "anti-partidário", mas Benfiquista !

Como posso "entrar" numa Trilogia destas!?!?

Não entro!!! ... ;Não aceito!!!

Um abraço e Parabéns!

Gelo disse...

E faz muito bem em não entrar :)
Sabe que o exagero é uma das formas de fazer comédia ou de chamar a atenção... se não acredita, pergunte ao Saramago :)

Sparkle disse...

Bem, isto é um resumo de comentários à Marcelo Rebelo de Sousa, faz-se uma caldeirada de coisas potencialmente interessantes e deve haver para todos os gostos. Gostei :)