Caminhei, caminhei, caminhei... continuei a caminhar até ao limite das minhas forças. Sempre que parava, era apenas p'lo tempo suficiente para recuperar algumas forças que me permitissem seguir em frente.
Não segui referências que não o horizonte. Nenhuma estrela me guiou, ninguém levantou o dedo a apontar o caminho. Não vi placas, ervas pisadas, pegadas de homem ou animal. Não vi mapas, não ouvi indicações. Apenas segui. Segui sempre em frente, num rumo imaginário e fixo que me levaria seguramente a um ponto em que não pudesse mais avançar, sabendo que retroceder não era uma opção.
Passei por estradas, trilhos, saltei vedações e muros, galguei dunas e escalei montanhas, nadei contra a corrente, arrastei-me por planícies de terra e pó e atravessei prados e ribeiros.
Atalhei sempre que pude. E quando a opção era contornar ainda assim atalhei, a eito, como uma flecha lançada no vácuo.
Cortei ventos, naveguei por chuva e deslizei por neve. Arrepiei caminho ao sol e fiz da sombra o meu descanso, enquanto caminhava.
Segui imparável até ao final da terra firme. Parei no final pré-pitagórico, no fim do mundo, no fim de tudo. As estrelas já não me olham apenas de cima mas também de frente e por baixo.
E agora?
Alguém tem coragem de espreitar?
3 comentários:
Muito bem captada... ;)
Arrisco... vou espreitar... apesar da escuridão...
Só espreito se tu espreitares também!
Bj
ah... não sei se tenho coragem... fico gelado de medo com as vertigens...
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