Costuma-se dizer que no meio é que está a virtude, mas é falso. No meio está o homem, prisioneiro dos extremos. Cada vez que nos aproximamos dos extremos há uma força magnética que nos empurra novamente para o centro, para o compromisso, para o consenso, para a paz, para a banalidade, para a serenidade. Contudo, quando nos aproximamos do centro sentimo-nos novamente repelidos para os extremos como se fossemos ímans de cargas opostas. Não aguentamos muito tempo sem criar, sem pensar, sem observar. Não aguentamos muito tempo sem expressar o nosso egoísmo, o instinto que nos leva a fugir do que conhecemos e do que temos para procurar mais. E depois de atingir esse mais, queremos voltar ao aconchego da nossa humanidade para saborear o que alcançámos.
Ambas as forças são energias humanas. Por um lado a criatividade, a diferença, a ansiedade, a agressão, o frenesim, o confronto, a ambição , o individualismo e o egoísmo, a repelirem-nos para os extremos. Por outro, a normalização, a partilha, o consenso a atrairem-nos para o centro. Todos vivemos nesta dualidade que saltita entre a presença e a ausência, entre o sentimento de pertença e a necessidade de afirmação individual. Todos nós nos sentimos puxados em direcções diferentes e abrimos conflitos internos que se vão renovando. Todos nós vivemos no paradoxo em que só poderemos encontrar a liberdade procurando a diferença mas apenas seremos livres quando formos absolutamente iguais.
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