As minhas experiências recentes em Centros de Saúde não têm sido as melhores. As duas últimas, em Queluz, resultaram em duas entradas no livro de reclamações, de modo que resolvi finalmente inscrever-me em Oeiras, zona da minha residência vai para uns sete anos. Gostava de dizer agora que a mudança foi grande e para melhor mas na realidade não foi. Se descontar a melhoria do edifício, mais recente que o de Queluz e, aparentemente, mais bem dimensionado para a quantidade de utentes que o utiliza, as mudanças ascendem a… zero. Registei, para já, que a burocracia se mantém – já o esperava – e que o mero processo informático de troca de centro de saúde não terá sido bem desenhado ou bem implementado ou então está construído sobre tecnologia obsoleta. O efeito prático resulta em “penso que o seu processo foi alterado mas o melhor é ligar amanhã para ter a certeza”. Se juntarmos este facto à formação deficiente ou incapacidade de actualização por parte das pessoas mais idosas que trabalham no atendimento ao público temos uma grande chatice que nos faz perder bastante tempo.
Depois, finalmente inscrito e registado no sistema, continuo a não poder ter médico de família, o que só é uma chatice porque, conforme me foi explicado pela senhora do atendimento, apesar de eu sustentar todo este sistema com os meus impostos, não tendo médico de família apenas serei atendido no Centro de Saúde da minha área se tiver a felicidade de apanhar uma das TRÊS consultas disponíveis de manhã por ordem de chegada. Todas as restantes consultas estão reservadas! Apesar de pagar mais para este sistema de saúde que a maioria das pessoas que dele usufruem, significando com isso que os meus impostos servem, muito justamente, para permitir que pessoas com menos rendimentos possam ter os cuidados de saúde essenciais acabo, no processo, por ter um serviço pior para mim. E isso é incompreensível e inaceitável. Defendo, por isso, que se deve instituir o fim do privilégio chamado “médico de família”, quer seja porque todos o passamos a ter e deixa de ser um privilégio para passar a ser uma "commodity" ou porque todos o deixamos de ter e passamos a ser atendidos por marcação ou por hora de chegada.
Isto é uma agulha no palheiro. Mas é uma agulha que está espetada em boa parte da população e legitima a má imagem dos serviços de saúde. Por vezes bastam pequenas mudanças para fazer grandes progressos.
Sem comentários:
Enviar um comentário