quarta-feira, 28 de abril de 2010

Quem não reza não mama

A visita do papa Bento VXI a Portugal tem provocado maus fígados em alguns sectores da sociedade por motivos diferentes. Uns ainda não estão refeitos do escândalo que representa uma instituição como a Igreja esconder um movimento de pedofilia que grassa pela sua estrutura como um cancro maligno alastra pelo corpo; outros, imbuídos de um espírito economicista e conscientes da situação precária do nosso país no que respeita aos deveres e haveres, indignados pelas folgas proporcionadas aos funcionários públicos pelo nosso Estado laico, para que possam observar in loco o beija-mão ao papa. Esta visita faz-me recordar a visita do presidente da Microsoft a Portugal para assinar um acordo com o governo português em que oferecia uns largos milhares de euros hoje para levar 10 vezes mais em 'x' anos... e ainda lhe agradecemos a bonomia caridosa. Também o Papa tem este papel comercial de representação da instituição Igreja. Cada visita que ele faz é usada para angariar fundos e militantes para a sua organização. Não teria nada contra, não fosse o facto de, no final do dia, todas as famílias ficaram mais pobres e o próprio Estado ficar mais pobre, apenas em benefício de uma empresa - a Igreja.



Só encontro uma justificação para isto. O governo de Sócrates não acredita que possa ser possível evitar a falência do país, que parece aproximar-se montada numa cavalgadura negra bestial e fantasmagórica e, por esse motivo, recorre à fé dos portugueses, instigando-os a rezar fervorosamente com o seu líder espiritual, expectante de um milagre salvador.

O erro de raciocínio aqui é, contudo, esmagador. Sócrates esquece-se que o milagre de que precisa não foi feito pelo Deus cristão ou um dos seus acólitos mas por Midas. Este é que transformava tudo em ouro. O primeiro fez História a transformar água em vinho, o que dará jeito para nos esquecermos da desgraça e pão em rosas, que ficarão muito bem no túmulo da nossa nação.

2 comentários:

Ana Clara disse...

Ora aqui está um verdadeiro tratado político-religioso e que deve ser continuado pelo autor! Sócrates está em desespero. E, como bem dizes, nem a fé dos crentes papais de Maio, nem a fé dos crentes da selecção em Junho vão salvar o que virá a seguir!

Sparkle disse...

Ora aí está.