A visita do papa Bento VXI a Portugal tem provocado maus fígados em alguns sectores da sociedade por motivos diferentes. Uns ainda não estão refeitos do escândalo que representa uma instituição como a Igreja esconder um movimento de pedofilia que grassa pela sua estrutura como um cancro maligno alastra pelo corpo; outros, imbuídos de um espírito economicista e conscientes da situação precária do nosso país no que respeita aos deveres e haveres, indignados pelas folgas proporcionadas aos funcionários públicos pelo nosso Estado laico, para que possam observar in loco o beija-mão ao papa. Esta visita faz-me recordar a visita do presidente da Microsoft a Portugal para assinar um acordo com o governo português em que oferecia uns largos milhares de euros hoje para levar 10 vezes mais em 'x' anos... e ainda lhe agradecemos a bonomia caridosa. Também o Papa tem este papel comercial de representação da instituição Igreja. Cada visita que ele faz é usada para angariar fundos e militantes para a sua organização. Não teria nada contra, não fosse o facto de, no final do dia, todas as famílias ficaram mais pobres e o próprio Estado ficar mais pobre, apenas em benefício de uma empresa - a Igreja.
Só encontro uma justificação para isto. O governo de Sócrates não acredita que possa ser possível evitar a falência do país, que parece aproximar-se montada numa cavalgadura negra bestial e fantasmagórica e, por esse motivo, recorre à fé dos portugueses, instigando-os a rezar fervorosamente com o seu líder espiritual, expectante de um milagre salvador.
O erro de raciocínio aqui é, contudo, esmagador. Sócrates esquece-se que o milagre de que precisa não foi feito pelo Deus cristão ou um dos seus acólitos mas por Midas. Este é que transformava tudo em ouro. O primeiro fez História a transformar água em vinho, o que dará jeito para nos esquecermos da desgraça e pão em rosas, que ficarão muito bem no túmulo da nossa nação.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
quarta-feira, 21 de abril de 2010
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Quando o telefone toca
Estão três pessoas numa pequena sala, sentadas a trabalhar nos seus computadores. Um deles recebe uma chamada, levanta-se e enquanto dura a chamada passeia-se pela sala, gesticulando, absorto de tudo o resto.
Terminada a chamada senta-se.
Eis que o segundo recebe uma chamada telefónica. Levanta-se e recomeça onde o anterior tinha acabado, calcorreando os exíguos metros da sala, telemóvel colado ao ouvido.
Termina a chamada e senta-se.
O terceiro observou o primeiro e ficou a matutar sobre o porquê deste comportamento. Depois observou o segundo e achou graça ao padrão emergente - deve haver mais alguma relação entre as pernas e o ouvido que o mero tímpano! Eis que o terceiro recebe uma chamada. Levanta-se e refaz o percurso dos primeiros, sentando-se apenas quando a chamada termina.
Mas agora teve a oportunidade de experimentar o evento e já pode formular uma teoria com base no instinto que o levou a tomar tal atitude. O impulso que o obrigou a levantar e a simular um afastamento esteve relacionado com a percepção instintiva de que uma conversa telefónica é uma conversa privada. O facto de não ter saído da sala só pode estar relacionado com a conclusão de que a conversa não era de teor realmente privado ou porque, saindo, revelaria que algo naquela conversa não era para ser ouvido por outros e não queria dar essa visibilidade aos restantes, saiba-se lá porquê.
Mas há um comportamento que se mantém uma incógnita: porque é que as pessoas se levantam, andam e gesticulam enquanto falam ao telemóvel? O mesmo não acontece quando falamos de um telefone fixo, não é? E não me parece que a forma ou o teor da conversa se altere usando um outro telefone.
Alguma ideia?
Terminada a chamada senta-se.
Eis que o segundo recebe uma chamada telefónica. Levanta-se e recomeça onde o anterior tinha acabado, calcorreando os exíguos metros da sala, telemóvel colado ao ouvido.
Termina a chamada e senta-se.
O terceiro observou o primeiro e ficou a matutar sobre o porquê deste comportamento. Depois observou o segundo e achou graça ao padrão emergente - deve haver mais alguma relação entre as pernas e o ouvido que o mero tímpano! Eis que o terceiro recebe uma chamada. Levanta-se e refaz o percurso dos primeiros, sentando-se apenas quando a chamada termina.
Mas agora teve a oportunidade de experimentar o evento e já pode formular uma teoria com base no instinto que o levou a tomar tal atitude. O impulso que o obrigou a levantar e a simular um afastamento esteve relacionado com a percepção instintiva de que uma conversa telefónica é uma conversa privada. O facto de não ter saído da sala só pode estar relacionado com a conclusão de que a conversa não era de teor realmente privado ou porque, saindo, revelaria que algo naquela conversa não era para ser ouvido por outros e não queria dar essa visibilidade aos restantes, saiba-se lá porquê.
Mas há um comportamento que se mantém uma incógnita: porque é que as pessoas se levantam, andam e gesticulam enquanto falam ao telemóvel? O mesmo não acontece quando falamos de um telefone fixo, não é? E não me parece que a forma ou o teor da conversa se altere usando um outro telefone.
Alguma ideia?
domingo, 11 de abril de 2010
Susceptível? Não leia
Nestes últimos dias fiquei com a ideia que os polacos são um povo obstinado.
É verdade que é característico dos grandes líderes liderarem pelo exemplo... mas não era preciso levarem a homenagem tão à letra...
É verdade que é característico dos grandes líderes liderarem pelo exemplo... mas não era preciso levarem a homenagem tão à letra...
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Tu não és de confiança!
Quando não há aulas e os pais têm que trabalhar e algures na sua vida viram o filme "Sozinho em casa" e, por acaso, até é sexta-feira, dá-se um sincronismo inevitável que resulta em levar o filho para o trabalho.
Foi o que aconteceu a um dos meus colegas. O filhote lá ficou calmamente a desenhar e até se estava a portar bem até que o je se lembrou de se ir meter com ele. Esfregadela na cabeleira, "Então miúdo, estás bom?", "És o Luís e tal" e ele vira-se e diz
"Tu não és de confiança!"
Do nada.
Rais'parta o puto!
"Olha lá ó pai, é isto que lhe andas a dizer de mim?" :)
E o pai lá ficou envergonhadito: "Não sei onde é que ele apanhou esta..."
É engraçado como os miúdos apanham estas coisas e conseguem sempre envergonhar os pais!
Foi o que aconteceu a um dos meus colegas. O filhote lá ficou calmamente a desenhar e até se estava a portar bem até que o je se lembrou de se ir meter com ele. Esfregadela na cabeleira, "Então miúdo, estás bom?", "És o Luís e tal" e ele vira-se e diz
"Tu não és de confiança!"
Do nada.
Rais'parta o puto!
"Olha lá ó pai, é isto que lhe andas a dizer de mim?" :)
E o pai lá ficou envergonhadito: "Não sei onde é que ele apanhou esta..."
É engraçado como os miúdos apanham estas coisas e conseguem sempre envergonhar os pais!
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Expressões
Ainda não encontrei melhor maneira de dizer que uma ideia é inútil:
Esta ideia é tão boa como criar água em pó.- É só juntar água e...
Esta ideia é tão boa como criar água em pó.- É só juntar água e...
terça-feira, 6 de abril de 2010
Ó Darwin, resolve lá esta...
A maior falha da ciência ao negar Deus é afirmar "Eu não acredito que exista um Deus" porque, ao dizê-lo, está apenas a confrontar fés, aquilo em que a ciência acredita contra aquilo em que a religião acredita, ao invés de confrontar racionais, aquilo que a ciência sabe contra aquilo que a religião sabe.
Não deixa de ser curioso que a ciência nunca conseguirá ganhar este "confronto" por não estar dotada de ferramentas que expliquem o duplo infinito do início e do fim. Já à religião basta dizer que é assim... porque sim, sem mais explicações. A sua explicação passa por perguntar: que alternativa tens? E essa alternativa não existe.
Mesmo que se provasse que Jesus não existira, que os milagres são alucinações ou embustes e que o Alcorão é um romance inconsequente, se se destruíssem todas as religiões actuais, ainda assim, não se provaria a inexistência de Deus.
Então porque esta dificuldade na digestão do metafísico pela ciência? Porque, apesar de serem ambas ignorantes, só a ciência baseia a sua ignorância no conhecimento. A religião baseia a sua ignorância na fé. A fé é a base e é o fim. E o racional daí resultante é circular: acredito que Deus existe porque tenho fé. Tenho fé porque fui criado à imagem de Deus. Como explicar algo desta natureza?
É a vertente metafísica da história da primazia do ovo ou da galinha...
Não deixa de ser curioso que a ciência nunca conseguirá ganhar este "confronto" por não estar dotada de ferramentas que expliquem o duplo infinito do início e do fim. Já à religião basta dizer que é assim... porque sim, sem mais explicações. A sua explicação passa por perguntar: que alternativa tens? E essa alternativa não existe.
Mesmo que se provasse que Jesus não existira, que os milagres são alucinações ou embustes e que o Alcorão é um romance inconsequente, se se destruíssem todas as religiões actuais, ainda assim, não se provaria a inexistência de Deus.
Então porque esta dificuldade na digestão do metafísico pela ciência? Porque, apesar de serem ambas ignorantes, só a ciência baseia a sua ignorância no conhecimento. A religião baseia a sua ignorância na fé. A fé é a base e é o fim. E o racional daí resultante é circular: acredito que Deus existe porque tenho fé. Tenho fé porque fui criado à imagem de Deus. Como explicar algo desta natureza?
É a vertente metafísica da história da primazia do ovo ou da galinha...
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Sparkle
Sparkle é uma palavra versátil. É um nome e é um verbo. Enquanto verbo significa brilhar, cintilar, borbulhar. Enquanto nome significa centelha, lampejo.
Para mim, Sparkle significa génese. Não é uma tradução que se encontre num dicionário. É antes uma metáfora visual sobre o efeito de uma centelha na escuridão, algo luminoso que parece nascer do nada.
Por isso nem sequer é uma palavra para mim. Sparkle é a imagem que veste o momento antes do qual não havia nada e depois do qual tudo pode existir, mesmo o nada. O momento em que algo novo nasce. É o momento da criatividade.
E talvez mais que tudo o resto, é a criatividade o que eu realmente admiro. Há dias falei nas camadas Humanas e em como por vezes, uma camada sugere um caminho diferente. Esse caminho é fruto da criatividade e toda a nossa evolução, enquanto ser complexo, deriva dela.
Uma das fontes da minha própria criatividade blogueira, por mais inconsequente ou limitada que possa ser essa criatividade, foi uma centelha virtual que brilhava intensamente várias vezes por semana. E no meio desse fulgor desafiava-me, sem o saber, a pensar e a ver para lá do óbvio.
Infelizmente essa centelha extinguiu-se há alguns dias e eu ainda não perdi o hábito de ir procurá-la, no seu habitat.
Já não está lá.
Ficou apenas o seu rasto.
Espero que encontre o caminho de volta, um dia.
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