segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Delicio-me com a inteligência dos outros e surpreendo-me sempre com a minha

a propósito do Zé sempre em pé da política... que vai concorrer novamente a eleições...

A característica que mais me agrada naqueles que não conheço ou privo é a inteligência, seja ela posta ao serviço de um ideal, de um governo, de uma profissão, de um desporto ou do humor. E, por isso, acabo por respeitar alguns personagens que, de outro modo, não o conseguiria fazer, por serem demasiado extremistas ou egocêntricos ou por serem demasiado redutores e circunscritos. Fundamentalmente, por serem demasiado. É o caso do Miguel Sousa Tavares, do Miguel Esteves Cardoso, do José Saramago, do Pinto da Costa, do Marcelo Rebelo de Sousa, do Quaresma, da Odete Santos, do Manuel Alegre, do falecido Champalimaud, do Francisco Louçã e de outros que agora não me ocorrem. Não é essencial que partilhem os mesmos valores, os mesmos ideais, os mesmos objectivos ou o mesmo restaurante que nós. É fundamental encontrar neles a lógica, o fundamento e o enquadramento individual e colectivo, percebê-lo e aí, respeitá-lo como tal.

Todas estas personagens representam demasiado de alguma coisa. E isso torna-os deliciosos e interessantes.

Contudo, outros há que, também ícones de alguma coisa são, apesar de tudo, causadores de asco, repúdio ou, pelo menos, genuína estupefacção . São tão cheios de si mesmo como os outros, porventura tão ou mais inteligentes mas, em dado momento ou em vários, ultrapassaram um qualquer limite racional ou irracional que nos causa transtorno e estupefacção. Ou porque colidem com os nossos valores de uma forma demasiado frontal e absoluta, de tal modo que não há absolvição possível (é o caso do padre Frederico, para não falar noutros casos mais recentes cujos processos ainda não estão concluídos), ou porque passam incólumes e impunes pela vida ao mesmo tempo que vilipendiam os restantes,
(caso do rei do carnaval ou da salta pocinhas que ora tão rápido está aqui como fugiu para o Brasil, entre outros) ou porque colidem com os próprios valores que, supostamente, defendem (ok,ok, estes tipos não têm realmente valores... mas a verve utilizada deu jeito à prosa. Pessoalmente individualizaria a laranja mecânica que já passou por todo o lado e desistiu ou foi corrido, o nome da rosa, antigo dono da coelheira e do aparelho e o soldadinho azul mar, da marinha, das peixarias e das feiras, cada qual do seu quadrante político, todos no centro no que ao resto diz respeito, viscosos como algas que fluem ao sabor da ondulação).

Destes últimos apenas o humor os safa e lhes dá uma hipótese de redenção. Tornam-se personagens coloridas de quem nos rimos para não chorar, usando-os como expiação mesquinha das nossas raivas, frustrações e ódios: dão cabo de nós mas rimo-nos porque são estúpidos, burros, imbecis, idiotas e tudo o mais que lhes quisermos chamar. E depois dessa catarse emocional, contentes connosco e com a nossa inteligência e sagacidade, levamos a mão ao bolso e reparamos que fomos roubados... outra vez... e fico sempre surpreendido sobre como é possível que uma pessoa tão inteligente como eu se tenha deixado roubar mais uma vez...


Ou como diria o Scolari... “e o burro sou eu?!”

Pois... assim parece.
E aqui fica o meu desabafo.

Sem comentários: