sexta-feira, 15 de junho de 2012

Humor patológico




Portugal é um país com cerca de dez milhões de patos. Talvez um pouco menos, dado o intenso fluxo migratório que se tem verificado e que tem sido estimulado pelo líder do bando. Ainda assim, o suficiente para afiar os dentes a qualquer proprietário de restaurante chinês.

Escusam de fazer esse esgar de desdém ou de montar o sorriso de escárnio. Estou a falar a sério. Somos um país de patos e somos patos numa plenitude inigualável. Não é verdade que somos desenrascados? Que conseguimos fazer um pouco de tudo e ultrapassar obstáculos de formas impensáveis? Não é também verdade que nos julgamos piores que os Alemães, os Ingleses, os Americanos e por aí fora? E o que é um pato, senão um ser que voa, que anda e que nada, mas que faz tudo isso mal ou em esforço?

Já a nossa classe política é um ninho de patos bravos. Comecemos pelo topo, onde residem os maiores especímenes. Temos um presidente da república, Cavaco Silva,  que tem um dom de oratória equivalente ao do Pato Donald. O facto de ter, aparentemente,  lançado a asa sobre “oportunidades de negócio” no BPN, de uma forma que nunca foi cabalmente esclarecida, não vem ao caso. Os três sobrinhos, Dias Loureiro, José Oliveira e Costa e Duarte Lima mais parecem os metralhas. Já o ministro das finanças, Vitor Gaspar, pede meças ao Tio Patinhas e fica com tudo para ele. Bom, para ele não ficará, que há-de haver sempre um sortudo como o Gastão Catroga, que é nomeado para o Conselho de Administração da EDP. O ministro Álvaro, pato de primeira, sempre vestido com um ar de quem não sabe como foi ali parar e  não sabe o que fazer, está já bem atadinho para ser o primeiro a ser lacado e consumido numa qualquer remodelação governamental. Já repararam bem no que ele se parece com um pato? De cada vez que aparece em frente às câmaras de televisão fá-lo como se deslizasse suavemente em cima da água mas, por debaixo de água, pateia freneticamente para se manter à tona. E este é apenas o resultado de uma longa linhagem destes animais! Recordam-se certamente do pato que não sabia grasnar em inglês técnico mas foi para Paris estudar filosofia!

Para cúmulo dos cúmulos, aparece-nos agora um pato bravo dos grandes, um tal de António Borges, responsável pelas privatizações do Estado português, repescado pelo Governo depois de ter sido despedido do FMI por incompetência, a receber 125 mil euros livre de impostos e a clamar pela redução de salários dos outros patos todos. E de nada vale dizer que foi mal interpretado. Somos patos, não somos surdos.