in Público
É uma frase poderosa mas não concordo totalmente com ela.
A não ser que se refira à distinção entre seita e religião e considere que os "terroristas" pertençam a uma seita. Nesse caso, trata-se de uma operação de semântica para apaziguar o mundo islâmico, o que é de louvar num homem da sua posição, mesmo que não seja exacto. Por outro lado estará a continuar a procurar isolar as facções islâmicas radicais das outras, e marginalizando-as, possibilitar que as facções moderadas possam emergir como forças sociais capazes de mudar o Médio Oriente para níveis civilizacionais ocidentais.
O que faz uma religião ou uma seita são os seus seguidores e não a legitimação da crença por uma qualquer autoridade. E, naturalmente, uma seita ou religião pode perpretar actos terroristas (políticos). Aliás, têm-no feito ao longo da História e não me refiro unicamente ao Islão.
Um acto terrorista é um acto político, não um acto religioso. Mas, dada certas circunstâncias, pode utilizar a religião como arma e é o que tem vindo a acontecer no Médio Oriente. A cúpula dirigente dos países islâmicos aproveita-se do facto de a maior parte da população ainda viver na Idade Média e controla-os através da religião, tal como a Igreja e as monarquias fizeram na Idade Média Europeia.
Por isso, se é um acto terrorista porque foi orquestrado por uma cúpula culta e consciente do impacto político e económico que iria causar, também é um acto religioso, na medida em que o foi para os executantes, toldados pela intifada que lhes foi imposta e vendida.
Para eles, apenas a religião interessa. Os jogos de poder são secundários.
Gostava mais de ter ouvido que o incidente não se tratou de um acto da igreja islâmica contra os Estados Unidos mas sim de uma seita formada por um conjunto de criminosos que distorce a religião para atingir os seus objectivos. Porque não sendo americano, nem tendo conhecido alguém que tenha morrido nesse dia, também eu fiquei horrorizado e muito menos tolerante relativamente ao Islão.
Dito daquela forma acaba por desculpabilizar o Islão de um problema que têm que ser eles próprios a resolver.
E acho que dessa forma o tributo seria mais realista.
1 comentário:
Sem dúvida que se tratou de um acto político, mas conhecendo o Alcorão como conheço, e respeito, enquanto religião, não posso aceitar que o mundo islâmico - onde pontuam terroristas sem escrúpulos e que usam uma religião para perpetuar actos indecorosos - faça o que fez em nome de um ideal, no caso religioso! Mas, ainda assim, este Obama, apesar de não parecer, pensa muito igual a Bush em relação à política externa, nomeadamente no que respeita ao Médio Oriente... E nem toco aqui na questão do Irão... porque aí, bem, ficava aqui a noite toda!
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