Para quem gosta de criar a destruição é penosa e a justificação de que é preciso destruir para dar espaço à criação não me convence totalmente. Fico angustiado quando tal acontece, como fico angustiado com a evolução natural da vida em que uns morrem para dar lugar a outros.
Quando criamos alguma coisa ou disso temos a ilusão, essa "coisa" passa a fazer parte de nós, mais um punhado de átomos que, por acaso, estão fora do nosso corpo mas que têm o nosso código genético ou a nossa impressão digital.
É por essa razão que guardamos com carinho coisas absurdas como desenhos, cadernos da primária, figuras de barro dos nossos filhos (uma extensão de nós), ou aquele cinzeiro em barro que fizemos no preparatório. Apesar de não terem utilidade nenhuma e ficarem apenas a ocupar um espaço qualquer numa gaveta ou numa arrecadação representam algo nosso, algo a que dedicamos atenção, suor e carinho.
Por esse motivo é difícil destruir algo. Por isso é difícil deixar algo para trás, que abandonar é o mesmo que destruir, com a diferença de não sermos nós a executar a sentença final. Alguém se encarregará disso, quem sabe, o tempo.
4 comentários:
Apego.
Deve ser isso que me faz voltar e ler-te! :-)
ou isso ou as lésbicas com gelo :)
Quem dera que eu pensasse assim há uns anos atrás ... hoje tinha algumas (dessas) relíquias que alguém se encarregou disso, "quem sabe o tempo" , nunca a memória, mas ... como as pessoas "têm a memória curta" , acabem mesmo por desaparecer!
Gostei do Post! - Parabéns!
Nostalgia
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