Diz-se por aí,
que o nosso ministro das Finanças governa com um ficheiro de excel. A poção
mágica é uma espécie de sopa da pedra; coloca lá uns números simpáticos, lança
umas fórmulas janotas, faz umas simulações académicas e aparece-lhe a solução
mágica na primeira página. Mas este ministro, de fraco palato, faz uma sopa da
pedra só com pedras e deixa as couves e o fio de azeite para a Troika. Daí a
nossa indigestão colectiva.
Mesmo quando o
presidente do Eurogrupo lhe dá “um sinal de compra”, dizendo que Portugal vai
beneficiar de mais tempo, Vítor Gaspar sente-se na obrigação de o desmentir e
de o colocar no seu lugar. Ora essa! Onde já se viu, vir um tipo de fora dar
esperança aos portugueses, quando ele próprio não a consegue dar. Ó senhores da
Troika, guardem lá as couves e o toucinho para vocês, que nós mastigamos o
granito e, à falta de ossos, chupamos o xisto!
Entretanto veio a
saber-se que um dos testamentos que compõem a Bíblia da austeridade baseou
parte das suas conclusões num ficheiro de excel com erros de cálculo. Aleluia,
suspiram uns aliviados. Heresia! – gritam os neoliberais, ainda mal refeitos da
morte da sua progenitora idolatrada, a estimada Margaret Thatcher.
Mas nem Gaspar
nem Coelho se intimidam e arrepiam caminho que em frente é que é a austeridade!
O excel até pode ter erros, mas o maior erro é parar agora de escavar. Com
alguma sorte ainda encontramos petróleo! Fonte muito próxima do Governo
confidenciou-me alguns segredos da remodelação.
Deixo-vos um excerto de uma
conversa de Gaspar e Coelho:
- Olha
lá Coelho, já que queremos
aumentar a produtividade e a eficiência, o que achas de juntarmos esforços e
matarmos dois coelhos com uma cajadada?!
- Livra!
- pensa Coelho. A que te referes?
- Podíamos
utilizar o Excel para fazer uma remodelação governamental.
- Achas
que sim? - pergunta Coelho. Faz lá um teste para o secretário de estado da
Defesa.
- O
excel diz que é... Berta Cabral.
- Olha
que bela ideia! Aquela senhora dos Açores que perdeu por causa da porcaria que
andamos a fazer no Governo.
- Mas...
ó Coelho, o que é que ela percebe de defesa?
- O
mesmo que nós percebemos de finanças, Gaspar...
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