quinta-feira, 3 de março de 2011

Guincho às 5

Não há duas



sem três




Sempre o mar
ao voltar a terra.

Sempre o mar
que volta comigo
nas suas voltas
e despeja-me como um despojo.
Não me quer
nem me larga
volta comigo sempre
o mar.

Viro-lhe costas
e despe-me de vida.
Mostro-lhe o peito
e faz de mim rocha
e faz de mim espuma,
alguém chorará o sal.
Se dele me esqueço
adopta-me para sempre.

Se finco pé em terra firme
Os meus olhos divagam.
Sem olhar procuram
das voltas
uma referência
um novo equilíbrio.
Sempre que volto
trago-o comigo
nos passos molhados.
Bate-me na porta,
enconcha-me os gonzos,
salga-me a fechadura,
planta-me algas no tapete
até que eu volte
às suas voltas
de sempre.

Sempre o mar
a chamar por mim.

2 comentários:

Ana Guedes disse...

Mais um candidato às aulas de vela ;)

Ana Clara disse...

Gosto tanto...do poema!