Este post vai ser um anti-clímax com toda a excitação que para aí vai com as manifestações e com a presença maciça de pessoas de todos os quadrantes e todas as idades, que acharam por bem demonstrar a sua indignação contra muitas coisas, numa amálgama que teve tanto de positiva como de inconsequente. Diria eu que o impacto positivo (será?) passou por forçar o PSD a antecipar os seus tempos políticos e afirmar-se finalmente com a dureza que os portugueses esperam, porque estão (estamos) fartos de Sócrates. E se é verdade que "better the devil you know" é uma expressão que encerra muita sabedoria, também não é menos verdade que as fraldas são para mudar quando têm recheio, mesmo sabendo nós que a próxima fralda seguirá o mesmo destino...
Por outro lado, se bem conheço os portugueses, assim que o governo caia e o orgasmo passe, voltamos ao mesmo "rame-rame" cheios de fé no futuro, fechando os olhos à velhice da "nova" classe política que vai dando os primeiros passos para continuar a delapidar-nos a esperança ao mesmo ritmo que enchem os seus bolsos, para já, vazios. E nós vamos deixá-los em paz durante anos até que, boquiabertos, demonstraremos a nossa estupefacção pelo número de anéis nos dedos dos nossos políticos, tantos quantos os nós na corda da forca que nos reservaram.
É esta falta de consequências que nos estagna e que nos mata. Quanto mais não seja por isso, esta manifestação e as que se seguirão não servirão realmente para nada. Os problemas irão manter-se, provavelmente irão agravar-se e, na verdade, este pretenso voluntarismo agitador morrerá como as últimas vagas de um tsunami... num absoluto silêncio.