Tens no gesto a candura
Das arestas de uma esfera.
E no movimento a frescura
De pétalas viçosas, de Primavera.
A inocência da tua expressão
Qual manhã ensolarada
Embala-me o coração
Em alegria renovada.
O dom da sedução
Embebido em teus poros
Inebria-me a razão
Revela-me novos tesouros.
E a metamorfose que despoletas
Em mim, todos os dias,
Faz renascer as borboletas
Que em meu corpo escondias...
E partem livres e errantes
Sem direcção definida...
Serão cúmplices? Amantes?
Ou tão-somente juventude irreflectida?
Como pairam e esvoaçam!
Ó Icarus, que inveja!
Mas também elas se esgarçam,
Rasgam o pulso que agora lateja.
Cairá o sangue, galopante,
Como tu, Ícaro, sem remissão,
Numa pira chamejante
A pique, directo ao chão.
2 comentários:
Fiquei sem respiração! Ah Grande Fernando Pessoa do século XXI! :)
O que eu andava a perder!
Enviar um comentário