Não foi Passos Coelho que o disse, foi Rui Reininho no programa de talentos da RTP1 - a Voz de Portugal -, mas podia ter sido o nosso primeiro-ministro, a propósito da praga de jobs for the boys que vai comendo todos os tachos disponíveis nas empresas de capital público.
Depois de ter vestido a bandeira da isenção e do ataque ao clientelismo partidário durante o seu percurso, iludindo-nos depois com as escolhas, mesmo tendo sido as segundas, de não correlegionários para cargos chave do Governo, Passos Coelho aparece-nos agora no pedestal como o rei da fábula, todo nú. A bandeira já não tapa o chicote castrador com que chocou o povo e com o qual pretende dar ainda mais umas mangueiradas, confiante na nossa paciência de chinês.
Talvez agoram percebam porque é que os barões do PSD recusaram os convites feitos em primeira instância para participarem no Governo de Passos Coelho. Estavam com olhos postos noutros tachos, mais bem remunerados e sem chatices que isso de Governar, quer se queira quer não, dá mais trabalho do que parece. A Caixa Geral de Depósitos, a EDP, a EPAL, são apenas os exemplos mais recentes do tráfico de influências movido por estes "bichinhos" que, normalmente, não teriam valor para chegar a tais cargos por méritos próprios.
A desbaratização patrocinada pelos portugueses nas últimas eleições acaba por cair mais uma vez em saco roto. Infelizmente, a bicharada política e a outra são em tudo idênticas: por mais insecticida que se lhes deite, ainda o efeito não passou completamente e já está a bicharada a voltar a percorrer os mesmos caminhos.